Blog: Eficiência hídrica – Falar menos, Fazer mais!

Não restam dúvidas que as alterações climáticas já não estão na condição de futurologia, como algo de que se fala e que poderá vir a acontecer. São uma realidade que já estamos a viver, da qual a escassez de água potável é uma das faces dramaticamente visíveis.

Está pois na altura de deixarmos a abundante retórica com que este tema tem sido brindado e de passarmos à ação, numa tentativa, que começa a ser desesperada, de que os cenários que os últimos anos têm evidenciado, pelo menos, não piorem.

 É neste contexto que vamos abordar o mais pragmaticamente possível as tão faladas perdas de água que são uma causa assumida de ineficiência hídrica em muitas Entidades Gestoras (EG).

As perdas de água dividem-se em perdas aparentes e perdas reais. As aparentes dizem respeito a erros de medição e a consumos ilícitos e as reais estão fundamentalmente associadas a fugas em toda a infraestrutura e a extravasamentos de reservatórios. Ambas podem ser reduzidas mas nunca eliminadas na sua totalidade, devendo ser o objetivo de cada entidade atingir o chamado nível económico de perdas.

Atendendo ao atual contexto de seca, a redução das perdas reais é uma prioridade evidente, pelo que partilhamos neste artigo uma abordagem prática, que qualquer EG pode implementar e que está alinhada com as boas práticas definidas, nomeadamente, pela CESDA – Comissão Especializada de Sistemas de Distribuição de Água da APDA.

Uma abordagem prática à redução de perdas reais assenta em quatro grandes pilares:

1 – Rapidez e qualidade das reparações;

2 – Controlo de pressões;

3 – Gestão de ativos da rede;

4 – Controlo ativo de fugas;

Tendo todos os pontos acima referidos um papel fundamental na redução de perdas reais, o controlo ativo de fugas apresenta-se como o ponto que permitirá de forma mais imediata, a identificação dos locais onde as roturas se encontram.

Existem atualmente vários métodos que permitem a localização de uma fuga, tais como o “Step testing”, Correlação acústica, Inspeção vídeo e Sondagem Acústica.

A Sondagem Acústica é metodologia mais tradicional, onde é utilizado um equipamento denominado por geofone, que permite ao operacional auscultar a rede e respetivos acessórios em busca de um som (tipo sopro) que identifique as roturas, sendo a metodologia que permite que, com um custo inicial relativamente mais reduzido, se obtenham melhores resultados, opinião fortemente partilhada e divulgada pela CESDA – Comissão Especializada de Sistemas de Distribuição de Água da APDA, no encontro do dia 3 de Junho em Beja.

A sondagem acústica de rede com recurso ao geofone e a afetação das equipas, devem/podem ter por base a evolução de caudais mínimos noturnos ou, no caso de ainda não existirem ZMC, começarem por zonas com histórico de roturas mais elevado, condutas e ramais mais antigos e tipos de materiais mais propensos a fugas.

O objetivo passa, se possível, por sondar o maior número de vezes a rede e acessórios durante o ano, pois as roturas mais pequenas que podem não ser audíveis na primeira passagem, podem já o ser nas seguintes.

O controlo operacional é de extrema importância, sendo que é fundamental monitorizar uma série de indicadores relevantes para a gestão da pesquisa ativa de fugas.

Neste sentido e se as EG quiserem introduzir tecnologia na metodologia referida, o software NAVIA disponibiliza um Dashboard que tem como base um mapa com as condutas de abastecimento de água selecionadas que, quando sondadas, apresentam o highlight a verde, facilitando a análise de zonas por pesquisa.

Para além disso apresenta uma série de indicadores diretamente relacionados com o trabalho de pesquisa ativas de fugas, sendo eles o “nº total de anomalias”, a “extensão rede pesquisada”, “Extensão rede total” e a “% de rede pesquisada”.

Este Dashboard permite de forma muito simples e intuitiva avaliar o estado de conservação da rede, quais as zonas que devem ser intervencionadas de forma mais urgente e quais as que não são pesquisadas tão frequentemente.

Em síntese, com os meios e recursos de cada entidade, o importante é agir e trabalhar de forma afincada com a informação disponível e com a metodologia adequada . É que esta grave ineficiência vence-se sobretudo com determinação e com a aplicação de modelos de gestão mais robustos e pragmáticos.

Devemos e podemos fazer mais e melhor! Está ao alcance de todos!

Nelson Silva, Consultor NAVIA, especialista em controlo operacional e eficiência hídrica

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