Blog: As alterações climáticas no Setor da Água

O avanço das alterações climáticas tem levado a uma preocupação crescente e global, afetando em particular o setor da água. Segundo a Comissão Europeia, as alterações climáticas são uma ameaça muito grave que afeta a vida em todas as regiões do mundo.

Os fenómenos meteorológicos extremos, como ondas de calor e frio, precipitações torrenciais, inundações, secas, incêndios florestais, são algumas das consequências diretas e já visíveis das alterações climáticas. Destas destacamos as que afetam diretamente o setor da água:

• Mudanças nos padrões de chuva.

• Aumento da evaporação e salinização de rios e aquíferos devido ao aumento do nível do mar.

• Maior risco de inundações e aumento dos períodos de seca.

Estes cenários para além de efeitos negativos sobre a saúde pública, têm um forte impacto nas condições de acesso a recursos, como a água.

Contexto Climático em Portugal

De acordo com a Comissão Europeia, a década de 2011-2020 foi a mais quente já registada, com a temperatura média global em 2019 sendo 1,1º C, superior aos níveis pré-industriais. De referir ainda, que o aquecimento global induzido pelo o homem está a aumentar a uma taxa de 0,2 º por década.

Podemos ter como exemplo o caso de Portugal. Nos gráficos seguintes, observa-se o aumento da temperatura média anual de 1970 a 2000 e a projeção da evolução das temperaturas médias anuais entre 2011 e 2040. 

Espanha, é outro exemplo que destaca algumas evidências. 

No gráfico seguinte elaborado pela AEMET (Agência Meteorológica Espanhola), vemos de forma sintética a evolução do caráter climático da Espanha de 1981 a 2018 (3):

Na última década, os anos quentes continuaram a aumentar, durante 5 anos consecutivos (de 2014 a 2018) com temperaturas acima da média (período de referência: 1981-2010). Nesta mesma década, o ano de 2017 não foi apenas o ano mais quente, mas também o de menor pluviosidade (só em 2005 choveu menos, dentro do período de referência).

Em relação à pluviosidade, há maiores diferenças entre os anos, que segundo a AEMET é algo típico do clima da Espanha. No entanto, indicam que no contexto das mudanças climáticas, embora esse volume de chuva seja mais ou menos semelhante ao longo dos anos, as chuvas são mais concentradas, ou seja, temos períodos de chuva mais intensos, mas também períodos mais severos de seca. 

Soluções para o setor

Existem atualmente várias soluções que podem ajudar o setor a adaptar-se à emergência destes fenómenos.

Ter em consideração que essas soluções terão que estar preparadas para lidar tanto com períodos de chuva intensa como com períodos prolongados de seca. Além disso, devemos apostar num menor consumo de água, bem como na melhoria da qualidade dos tratamentos a aplicar.

•      Melhoria do uso e manutenção dos reservatórios, bem como de qualquer outra fonte de água: é imprescindível a correta manutenção e conservação de todas as massas de água doce que possuímos. Isso requer um planeamento preventivo correto e a preparação de ações corretivas para resolver rapidamente possíveis incidentes.

•      Melhoria das Instalações: Melhorar os processos e manter o bom desempenho das instalações é fundamental. Ter diferentes formas de obter água doce será cada vez mais importante, pelo que os tratamentos como a dessalinização ou a geração de água regenerada em ETARs (futuras biofábricas em contexto de economia circular) ganharão cada vez mais peso.

•      Redução das perdas de água nas infraestruturas: É um dos grandes problemas das infraestruturas; a perda de água que ocorre durante a sua distribuição.Para reduzir estas perdas é necessário possuir um sistema de deteção, bem como plataformas que permitam recolher toda a informação, conjugando-a com uma pronta atuação na reparação destas fugas e avarias.

·       Educação ambiental e responsabilidade social: é muito importante que haja uma relação entre as empresas de gestão de água e os cidadãos. É fundamental passar a mensagem da importância do consumo responsável de água e que a sociedade conheça e valorize todo o trabalho que é feito para que a água chegue às nossas torneiras e retorne limpa ao meio ambiente.

 Tecnologia para apoiar

Para suportar estas soluções, vamos precisar de tecnologias que ajudem a gerir eficientemente as infraestruturas e instalações, permitindo ter uma visão global das mesmas em tempo real, podendo reagir rapidamente em caso de incidentes.

O NAVIA é uma plataforma que permite gerir, tanto do ponto de vista de operação como de manutenção, qualquer infraestrutura que esteja relacionada com o ciclo integral da água, desde as origens, até às instalações de tratamento, distribuição e ao seu retorno aos meios recetores.

Acrescenta a esta vertente operacional a capacidade de agregar e processar informação, recebendo dados de qualquer fonte: registos de campo, telegestão e telemetria, GIS, laboratório, CRM, etc.

Esta centralização da gestão de infraestrutura tem grandes vantagens, nomeadamente:

• Dispor de planos preventivos de operação e manutenção de todas as infraestruturas, bem como planos de amostragem dos meios de recolha, instalações e meios de receção.

• Combate às perdas de água: – através da integração com SIG e SCADAs pode-se estabelecer o balanço hídrico e corrigir os pontos da infraestrutura onde possam ocorrer vazamentos ou avarias.

• Estabelecer medidas de ação corretiva contra incidentes.

• Ter relatórios, indicadores e dashboards, com dados em tempo real, que nos permitem tomar as melhores decisões e melhorar o desempenho das nossas infraestruturas.

• Partilhar com o público a responsabilidade da gestão da água, divulgando informações importante e recebendo diretamente dos cidadãos notificações de ocorrências.

Em suma, apoiar a adaptação das nossas infraestruturas às alterações climáticas da melhor forma possível.

A concluir

Temos um futuro pela frente com um cenário diferente do que estamos habituados.

Como sociedade, temos a responsabilidade conjunta de ter hábitos mais sustentáveis, alcançando assim um menor consumo de água. Mas, como profissionais do setor hídrico, devemos ir mais longe e continuar a trabalhar para que, independentemente das atuais previsões negativas, tenhamos acesso a água segura e de qualidade para todos.

Temos é que agir já!

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